Fraturas

As fraturas surgem com o aparecimento de esqueletos rígidos na Natureza. Na espécie humana as primeiras tentativas de tratamento conhecidas datam de há mais de 5000 anos, embora possam ter surgido espontaneamente há ainda mais tempo.

Estes primeiros tratamentos consistiam na utilização de pedaços de madeira ou casca de palmeira amarrados em torno do membro fraturado com linho, e foram descobertas em escavações realizadas no Egito. Este método ainda é utilizado atualmente, variando os materiais utilizados.

A primeira referência à utilização de materiais semelhantes ao gesso atual data de 900 d.C. por Rhazes Athuriscus, um médico árabe que descreveu a preparação de tiras de linho embebidas numa mistura de cal e clara de ovo, que adquiria bastante resistência. No mundo ocidental, o interesse pelo gesso parece ter-se desenvolvido após um diplomata inglês no Império Otomano, Eaton, ter descrito em 1793 a utilização deste material no tratamento de uma fratura. As ligaduras gessadas utilizadas hoje em dia foram descritas pela primeira vez em 1854 por Antonius Mathysen, um cirurgião naval holandês.

Antes do advento dos antibióticos uma fratura exposta (quando a pele e os músculos são perfurados pelo osso) estava associada a uma mortalidade extremamente elevada, devido a infecções da ferida e do osso (osteomielite). A única terapêutica nestas situações consistia na amputação precoce do membro, embora a amputação fosse em si um método com elevada mortalidade, devido a hemorragia ou a gangrena infecciosa.

A fixação cirúrgica das fraturas aparece mencionada pela primeira vez cerca de 1760 em Toulouse, quando surge numa carta entre dois cirurgiões referência à "fixação de fraturas usando arame no tratamento".

Radiografia que mostra uma fratura abaixo da cabeça do úmero
O QUE É UMA FRATURA?

É uma lesão óssea que tem origem traumática, produzida por trauma direto ou indireto, com alta ou baixa energia. O local da lesão, ou conjunto de fragmentos ósseos que são produzidos pela fratura e os tecidos que foram lesionados em torno da contusão são chamados de foco da lesão.
O osso é o únidêntico ao anterior a lesão, e o processo de cicatrização óssea é denominada de consolidação que pode ser primária ou secundária.

A consolidação óssea primária ocorre com o contato direto e íntimo entre os segmentos fraturados. O osso novo cresce diretamente através das extremidades ósseas comprimidas, a fim de unir a fratura. A consolidação primária do osso cortical (camada mais externa e dura do osso) é muito lenta e não pode unir lacunas (espaço vazio) na fratura.
Habitualmente a formação de calo ósseo (tecido que se refaz entre os fragmentos de osso fraturado e que os solda) ocorre aproximadamente duas semanas depois do momento da lesão. Esse é o único método de consolidação de fratura quando é realizada uma fixação rígida da fratura por compressão. A fixação rígida exige contato cortical direto e uma vascularização intramedular intacta. O processo de consolidação depende basicamente da reabsorção osteoclástica do osso, seguida pela formação osteoblástica de osso novo.
- A consolidação óssea secundária denota mineralização e substituição, por osso, de uma matriz cartilaginosa com um aspecto radiográfico característico de formação de calo. Quanto maior for a mobilidade no local da fratura, maior será a quantidade de calo. Esse calo de união externa aumenta a estabilidade no local da fratura, por aumentar a espessura do osso. Isso ocorre com a aplicação de um aparelho de gesso e fixação externa, bem como com a aplicação de hastes intramedulares na fratura. Esse é o tipo mais comum de consolidação óssea. A duração de cada estágio varia, dependendo da localização e gravidade da fratura, lesões associadas, e idade do paciente. Veja como funciona cada fase da reconstrução:

Fase inflamatória: dura aproximadamente 1 a 2 semanas. Inicialmente, a fratura incita uma reação inflamatória. O aumento da vascularização que envolve a fratura permite a formação de um hematoma de fratura, que em breve será invadido por células inflamatórias, como neutrófilos, macrófagos, e fagócitos. Essas células, inclusive os osteoclastos, funcionam de modo a eliminar o tecido necrosado, preparando o terreno para a fase reparativa. Radiograficamente, a
linha de fratura pode torna-se mais visível à medida que vai sendo removido o tecido necrosado.

Fase reparativa habitualmente dura vários meses. Essa fase é caracterizada pela diferenciação de células mesenquimatosas pluripotenciais. O hematoma de fratura é então invadido por condroblastos e fibroblastos, que depositam a matriz para o calo. Inicialmente, forma-se um calo mole, composto principalmente de tecido fibroso e cartilagem com pequena quantidade de osso.
Então, os osteoblástos são responsáveis pela mineralização desse calo mole, convertendo-o num calo duro de osso reticulado e aumentando a estabilidade da fratura. Esse tipo de osso é imaturo e fraco em termos de torque; portanto não pode ser submetido a estresse. União retardada e pseudartrose são decorrentes de erros nessa fase da consolidação óssea. A conclusão da fase reparativa fica indicada pela estabilidade da fratura. Radiograficamente a linha de fratura começa a desaparecer.

Fase de remodelamento, que leva de meses a anos para se completar, consiste em atividades osteoblásticas e osteoclásticas que resultam na substituição do osso reticulado desorganizado e imaturo por osso lamelar, organizado e maturo, o que aumenta ainda mais a estabilidade do local fraturado. Com o passar do tempo, o canal medular vai gradualmente sendo reformado. Ocorre
reabsorção do osso das superfícies convexas e formação nova de osso nas superfícies côncavas. O processo permite alguma correção das deformidades angulares, mas não das deformidades rotacionais. Radiograficamente, é habitual que a fratura não seja mais visualizada.


Classificação: Elas são classificadas de acordo com vários critérios.

Segundo a causa
As fraturas traumáticas correspondem à grande maioria das fraturas, e resulta da aplicação de uma força sobre o osso que seja maior que a resistência deste. Pode ocorrer no local de um impacto (fratura direta), num local afastado da zona de impacto (por exemplo, fratura da clavícula após queda sobre a mão - fratura indireta), ou por contracção muscular violenta (fratura por tração muscular).

As fraturas de sobrecarga ou de stress são devidas à aplicação repetida e frequente de pequenas forças sobre um osso, que leva a uma fadiga que condiciona a fratura.

Fraturas patológicas ocorrem num osso previamente fragilizado, por exemplo por osteoporose ou um tumor ósseo. Geralmente não há evidência de traumatismo que justifique a fratura.



Segundo a lesão envolvente
Nas fraturas simples não há perfuração da pele, ao contrário do que acontece nas fraturas expostas, onde pode ocorrer uma infecção bacteriana, havendo por vezes a necessidade de suturar a ferida.

Nas fraturas complicadas há atingimento de vasos sanguíneos ou nervos. Uma diminuição ou ausência dos pulsos, assim como palidez ou perda de consciência, podem indicar lesão de um vaso sanguíneo (mesmo que não haja hemorragia evidente), sendo importante nestes casos a prestação rápida de cuidados de saúde adequados.



Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Fratura_óssea
anfisio.blogspot.com
Sociedade Brasileira de Ortopedia
FisioWeb
Fisionet
Magee e Kisner

2 comentários:

claudeni disse...

porque nao tem nada sobre calo osseo em cima da cabeça.pois e o que procuro

Anônimo disse...

Excelente iniciativa, parabéns pelo trabalho.